terça-feira, 26 de maio de 2009

Longínquo

Luzes de casas distantes
São promessas que não se cumprem
São ameaças de suicídio
Cartas de amor queimadas
Goles no escuro
Solidão
Impaciência e tédio,
Passos esparsos nas salas escuras.
Olhos desejosos, que não se fitam.

São luzes semi-mortas nos postes,
Só reticências amargas...

Infinitivo

Confundir seus sentidos
Sem senti-los.

Causar sensações,
Convidá-lo à beira do abismo,
E não saltar.

Revolver seus pensamentos todos,
Invadi-los com a falsidade da minha imagem serena.

Provocar palpitações, incitar o amor,
Moer todo seu coração,
Em uma só mordida.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

RECEITA

Não me julgues culta,
nem tão pouco interessante,
Que eu vivo mesmo é de instantes
que minha arrogância permite

Não me trates bem demais,
não me ignore também
Que não sou moça de se ignorar
E não costumo pedir atenção quando falo

Fale muito, porque da minha parte
o meu melhor é sempre o silêncio
E ele costuma falar alto

Não desvie os olhos dos meus
ainda que eles te assustem
Não tenha medo,
que sou diferente, mas quase que inofensiva

Não se acovarde se eu te oferecer meu afeto,
nem se amedronte diante do meu amor,
Que ele, depois do silêncio é parte do meu melhor

Não me subestime, esforce-se para parecer interessante,
seja interessante e se faça de burro
pra eu sobressair
Eu percebo e admiro o nobre gesto

Mentiras sinceras sempre me interessaram,
mas só as sinceras
Então, não minta pra si mesmo

E sobretudo, não seja do tipo que segue receitas,
fórmulas pré-fabricadas,
ouse o impensável,
Porque eu me reinvento todo dia.

QUEM

Quem é que sabe do meu existir?
Quem é capaz de enxergar por dentro dos meus olhos,
onde a luz nasce e se insataura
invadindo ambientes?
Quem ousa me ver feito espelho,
sem poupar nem uma de minhas inúmeras cicatrizes?
Quem? Quem já experimentou o sal das minhas lágrimas espessas?
Quem sorriu meu sorriso incontido, espalhafatoso?
Quem?
Quem me feriu e se feriu assim,
como que por consequência?
Quem?
...