terça-feira, 18 de novembro de 2008

VISÃO

Cavalgar o corcel dos sonhos,
Alucinado, alucinadamente,
Rompendo as noites escuras,
Convertendo-as com pisadas rijas...
Em manhãs mais tenras e luminosas.

Se não, de que vale a vida?
Esse vale de ossos secos..
Apenas ser cumprida,
Feito protocolo nos becos?

CANTAR...

Cantar...
Nessa vida meticulosa, medíocre, mísera,
Nós que comemos o pão da nossa desgraça
Cantar...
Quando as dores se avolumam por demais
Cantar...
Como quando ninguém vê
E alma estravaza,
Longe da censura de muito solhos,
E o canto, liberto
Faz-se o mais afinado de todos
E as cordas da alma formam acordes perfeitos.
Eles acordam os mortos,
Avolumam-se em cadeias,
Libertando os cativos,
E altivos,
Chegam ao coração de Deus.

sábado, 15 de novembro de 2008

CANSAÇO



Ando mesmo muito cansada
Um cansaço de dores e frustrações
De melancolia e nenhuma saudade daquilo que não foi

Saudade sim do tempo em que sorria
Um sorriso desdentado...
Tempo em que nenhuma aflição me atingia

Eu não tinha certezas
Nem o medo de que elas desmoronassem...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

REFLEXÕES SUBVERSIVAS


“Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus”.

(Romanos 12:2)


Escandalizo a muitos, quando me auto-intitulo assim SUBVERSIVA, mas o faço de forma consciente e absolutamente segura quanto ao significado deste vocábulo.

E por isso, apenas por isso, afirmo categoricamente ser o cristão autêntico, um subversivo, uma vez que ele não compactua com os valores e práticas correntes, mas antes, trava contra os mesmos, verdadeira luta. Ao menos deveria ser assim. Mirando-se no exemplo do próprio Cristo, filho do Deus Altíssimo, e por que não acrescentar-lhe esse título “maior subversivo da História”, deveríamos, os que ainda ostentamos o nome de cristãos, imitá-lo, de forma a não nos confundirmos com os deste mundo.

Paulo é enfático, ao utilizar-se do modo imperativo, quando se dirigindo aos romanos, no trecho transcrito acima, e sua ordem/recomendação resume em si mesma a postura que deve assumir todo cristão genuíno. Postura de subversão, pasmem!

“Não vos conformeis com este século...”

Em outras mais símplices palavras: Não se porte de acordo com este mundo, não ande em conformidade com suas mazelas e práticas inescrupulosas, injustas, desonestas, absurdas... Aja de forma diferente. Subverta os valores, já que eles foram invalidados e/ou invertidos.

Não, não se contente com isso que, os outros chamam de vida.

Não compactue, não participe, seja diferente... subversivo!!!

Isso, contudo, não significa, sob hipótese alguma, alienar-se. Estamos inseridos neste mundo, ainda que a ele não pertençamos, e, portanto, o Ser cristão implica relacionar-se com ele, inclusive envolvendo-se e desenvolvendo-se enquanto cidadão e sujeito-histórico. Implica, ao contrário do que levianamente sugerem alguns, pensar. “Crer é também pensar”, já disse Stott.

Logo, não havemos de construir muralhas de ódio e arrogância ao nosso redor, sob a escusa de nos resguardarmos do mundo. Antes, tal como o fez o próprio Cristo, destruí-las, aproximando-nos daqueles que o desconhecem, a fim de que possamos influenciá-los através de nosso exemplo. E assim, vivenciar do que venha a ser “Luz e sal”, metáforas tão preciosas quanto válidas em nossos dias.

domingo, 9 de novembro de 2008

31 de Outubro - UMA NOVA REFORMA???



Uma igreja corrupta, fechada em si mesma e em torno de seus interesses escusos, agindo de forma a manter o povo distante do conhecimento do Deus verdadeiro.

Um povo miserável, faminto, faminto da graça de Deus, distanciado dela, pela hipócrita imposição de pseudo-sacerdotes.

Esse cenário nos remete à Idade Média, período marcado pelo pensamento autoritário e absoluto da Igreja.

O povo se alimentando dos restos de toda fartura e ostentação de que desfrutavam as autoridades clericais. Subjugado, oprimido, reprimido por toda uma ideologia de medo, propositadamente arquitetada para mantê-lo nessa sua condição de explorado... léguas distante da Verdade. Até mesmo o acesso às Sagradas Escrituras lhe era negado. E há uma motivação óbvia para isso. Permitir que o povo conhecesse a Verdade, seria o mesmo que armá-lo contra as mentiras e abusos da “amada Igreja”, abrindo-lhe os olhos para a realidade de um Deus gracioso, que não se deixa permutar.

Maior senhora feudal da época, a Igreja detinha poder econômico estupendo, às custas do ilícito e indecoroso recebimento de indulgências.

“O céu à venda!!!” Pasmem!

Realidade horrorosa aquela, não por acaso chamam-na Idade das Trevas. A Luz do Mundo, o próprio Deus, pretensiosamente ofuscado pela ignomínia de uma raça de víboras... lobos travestidos de ovelhas.

Fiz questão de localizar o leitor sobre o momento histórico a que me refiro, e isso tem um porquê. Não o fizesse eu, correríamos todos o risco de imaginar estar discorrendo sobre os nossos dias atuais.

Não, não se trata de exagero ou simples ignorância. O fato é que, muito daquilo que de mais detestável, abominável que aconteceu quando da Idade Média, tem se repetido em nossos dias. As armas e mecanismos são outros, mas os erros persistem iguais.

Lutero, chamado e capacitado por Deus iniciou o movimento que conhecemos hoje por Reforma Protestante, que acabou por libertar o povo de sua cegueira espiritual. Noventa e cinco teses, que se resumiam em verdades fundamentais: a centralidade da Escritura, a justificação pela graça mediante a fé e o sacerdócio de todos os crentes. Apenas essas três, o suficiente para desbancar a farsa da Igreja.

Diante dessas verdades, como justificar a venda de indulgências, se a salvação é dom gratuito de Deus? Ou ainda, como justificar o restrito acesso às Escrituras e toda sorte de conhecimento, se, somos todos os crentes, sacerdotes do Deus Altíssimo?

Reforma Protestante... mas afinal, protestava-se contra quem ou o quê? Não se enganem, que o alvo de seu protesto não foi a Igreja Católica, mas sim, e ainda o é, o pecado, esteja ele instalado onde estiver e sob quaisquer máscaras ou instituições.

Daí, o título desse texto. Quatrocentos e noventa e um anos depois da primeira, enxergo claramente a necessidade de uma Nova Reforma, porque enxergo se não os mesmos, problemas ainda mais sérios e comprometedores infiltrando-se em nossas igrejas. E o que é pior, nas igrejas que tiveram sua origem na Reforma Protestante. Inaceitável...

Em algumas delas inclusive, continua-se a vender a salvação, invalidando assim o sacrifício único e suficiente de Cristo. A mesma retrógrada prática das indulgências, agora atendendo por outros nomes. Prefiro mesmo chamá-las, a essa igrejas de “pseudo-evangélicas”, já que protestantismo não é isso, em absoluto.

Hipocrisia, uma vida que não condiz com aquilo que se prega, que envergonha e acaba por repelir, ao invés de atrair pessoas para a comunhão com Deus. Em suma, propaganda contra, maus exemplos. O Reino de Deus sendo difamado pelos atos daqueles que o conhecem... De forma que faz-se urgentemente necessária uma Nova Reforma. Uma reforma que ocupe espaço dentro de nós e se manifeste exteriormente através de nossas palavras, atos e comprometimento sincero com a causa de Deus. Precisamos, crentes, voltar a fazer a diferença. Nosso chamado é para isso.

Toda luta de Lutero e outros reformadores, dando suas vidas, foi para que tivéssemos acesso à Verdade que liberta, então, por que retroceder atrelando-se à escravidão de velhos erros? Por que todo esse descaso para com essa Verdade? Por que tanto egoísmo e pretensão?

Uma nova reforma, é o que proponho. Uma Nova Reforma baseada nas velhas, ou melhor, atemporais verdades: Sola Scriptura, Solo Christo, Sola Gratia e Sola Fides. Proponho vivermos a verdade, e só.