segunda-feira, 14 de julho de 2008

MELHORIAS


Tudo parado,
O trânsito, a vida, as pessoas.

Tudo nesse constante estado de torpor e inércia.

Os mesmos velhos problemas,
Os mesmos velhoa candidatos a solucioná-los.

Discursos, pose para fotos, conluios...

O sol ferindo minha pele pela janela do coletivo,
O coletivo sempre tratado como escória.
A pressa forçando a passageira a saltar antes de seu destino
E continuar o trajeto a pé.

A demora, a fila,
A vontade incontrolável de me ver mais perto de casa.

OBRAS!

Há centenas delas espalhadas pela cidade,
Na maioria, desnecessárias
Existem em função da data... propícia.

Aproximam-se as eleições
E com elas, aumenta minha suspeita
De que elas não bastam.

A placa, que parecia sorrir, espalhando mentirosa simpatia:

"MELHORIAS PARA A CIDADE DE BRAGANÇA PAULISTA,
DESCULPEM-NOS PELO TRANSTORNO"

CUSPARADA

Minha poesia é uma cusparada espessa,
Só isso.
Seu maior defeito?
Quase sempre lhe falta impulso pra atingir o alvo,
E então ela escandaliza os demais
com suas gotígulas virais,
umidecendo-lhes, violentamente as faces,
agora tomadas pelo rubor.
Asco e desprezo é tudo quanto desperta,
Ao menos nesses mais desavisados,
que impõem-se em seu caminho
e não a suportam.