sábado, 15 de outubro de 2011

15 de outubro - O que quer o professor?

E que fique bem claro:
O professor não deseja ser mártir dessa sociedade inescrupulosa.
Ele não quer bajulação, nem falsos aplausos,
Não, ele não quer ser responsabilizado por todas as mazelas desse país
Glorioso e miserável.
Seria injusto demais.
E, pasmem, ele não vê nenhuma glória nisso.
Nem tão pouco no status de salvador da pátria que, ironicamente
Concederam-lhe os poderosos.
E o mais sério e grave, já que estou eu aqui fazendo alusão
ao seu dia:
Professor não quer lembrancinha,
Lembrancinha só não,
Ele quer e merece a lembrança cotidiana de que é um ser humano,
Que lida com a formação integral de outros seres humanos,
E, portanto, merece ser tratado com o mínimo de respeito.
Respeito que a qualidade de Humano exige por si só.
Ele quer exercer sua profissão.
Sim, esse pedido parece elementar,
Mas é urgente e sincero.
Ele quer gestores competentes, leis menos absurdas,
Comportamentos menos paternalistas.
Ele quer melhores salários sim,
Professor não vive de utopia.
Ele quer melhores condições de trabalho,
Só sua persistência diária não soluciona tudo.
Ele quer ver a educação funcionando de fato,
Oferecendo oportunidades reais a quem quer aprender.
Ele está farto dessa pseudo-inclusão,
que acaba por repelir aqueles que desejam aprender,
sob a desculpa de se estar oferecendo educação a todos.
Ele quer o direito de ser aquilo a que foi vocacionado.
E que esse chamado, se é que se pode chamar assim,
Não seja abafado pelas vozes malditas dos incautos,
Corruptos e afins.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

NÃO ESPERE!

Às vezes o cotidiano nos surpreende, talvez porque cada dia seja às vezes tão igual a tantos outros, que nossa alma tão fatigada dos pesares do mundo, por vezes retém o olhar perdido em alguma fagulha de poesia, que se nos apresenta emaranhada à rotina.
Aconteceu mais uma vez comigo dias atrás. Estava vivendo um dia aparentemente normal, indo a uma casa lotérica logo pela manhã pagar uma conta. Porque, sim, as contas fazem parte do nosso cotidiano às vezes medíocre, porque o dinheiro rege nossas relações com o mundo, porque é necessário, bom e mau, mas sempre necessário.
A fila estava meio longa já, apesar de ainda ser cedo. As obrigações pedem pressa e gente humilde gosta de pagar tudo em dia. Detesto filas, por isso, comecei meu costumeiro exercício de observação. Meus olhos curiosos percorriam todo o espaço e seus figurantes, quando de repente, não sei se por serem apurados olhos de professora de língua portuguesa, depararam com uma curiosa placa, que dizia: ESPERE SER AMADO.
Eu ri por dentro, consciente da ausência do dígrafo “CH” e da ironia feliz que tal falha causara. E pra mim, foi o que bastou para o início de uma longa reflexão solitária a respeito do assunto.
E pensei, quantas pessoas teriam reparado na tal placa, e quantas ainda teriam tido o mesmo devaneio que eu?
Quantas pessoas têm obedecido cegamente o imperativo errôneo da placa desgastada: ESPERE SER AMADO.
Espere ser amado, para então, amar. Espere gentileza, para ser gentil. Espere educação, para ser educado. Espere lealdade, para ser leal. Espere, espere... Coisa mais inerte esperar... E por que esperar sempre que o outro dê o primeiro passo e direção a você? Por que esperar dos outros mais do que aquilo que podem nos oferecer? Por que de todo esse amor tão mesquinho e interesseiro, que só dá aquilo que recebeu antes, e segue devolvendo gestos repetidos e cansativos ao invés de reinventar-se todo dia, incondicionalmente?
Viver a espera de viver deve mesmo ser muito triste. Esperar ser amado então, nem se fale. É sobrevida apenas.
Você, leitor, pode me considerar uma maluca, que faz reflexões baseadas na leitura de placas desgastadas e estar rezando pra nunca me encontrar numa casa lotérica, mas, que lição bonita eu aprendi naquela manhã tão igual a tantas outras, de fila, contas e vida!
E confesso, ando farta de esperar.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

(S) EM RECESSO!

Estão tentando resolver um problema ou apenas criando mais um? E problema de quem é esse afinal? Porque faz-se óbvio que a questão da Educação em nosso país não se resume ao aumento ou diminuição dos dias letivos, mas está sim, diretamente ligado à produtividade deles.
Há tempos atrás, nós, alunos na época, podíamos desfrutar de um mês completo de recesso, e pasmem, aprendíamos muito mais.
Numa escola onde atualmente impera o desinteresse absoluto, aliado às ações assistencialistas do governo, esperar que o mero acréscimo de duas semanas ao já enfadonho calendário escolar resolva toda a problemática do ensino em nosso país soa quase tão ingênuo quanto acreditar em papai Noel.
Essas duas semanas, propostas pelo governo, podem constituir sim uma mudança positiva para alguns “pais”, que vêem a escola como um depósito de crianças. É fato que o aluno que não deseja aprender não vai passar a fazê-lo por conta do acréscimo de duas semanas. Aliás, esse maldito acréscimo só pode mesmo contribuir para aumentar o cansaço, o esgotamento, tanto por parte dos professores, quanto dos alunos.
Estão tentando mais uma vez mascarar a realidade, ludibriando o povo, que por sinal, se deixa ludibriar e aceita que seus mestres sejam tratados feito cachorros, pior que funcionários de empresa, e empresa falida. Estão transformando nossa Educação numa empresa, empresa falida, que vive de forjar resultados e explorar de forma desumana seus funcionários. Não passamos, todos nós, educadores e educandos, de meros números, que sempre devem favorecer aos interesses governamentais, mesmo que para isso, tenham de ser manipulados e mentirosos.
Já nos privaram de tantas coisas, inclusive da dignidade da profissão, e ainda querem nos privar de duas míseras semanas de merecido descanso, e ainda por cima sob a desculpa de com isso melhorar a qualidade do ensino.
Sinceramente, não sei se rio ou choro diante desse quadro deplorável. A que nos reduziram? Em que têm transformado a Educação?
As escolas são meros depósitos de alunos? Qual a função atual dessa entidade? Assistencialismo puro?
Confesso que esses questionamentos continuam me inquietando. Sou parte de sistema ( e como diria Cap. Nascimento: “O sistema é foda!”), parte de um processo ridículo de alienação e emburrecimento. Isso me envergonha.
A Educação carece mesmo de um recesso, e daqueles do tipo: “Fechados para balanço , por prazo indeterminado!”

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

EU CORTO OS CABELOS NA TENTATIVA DE REVOLVER A ALMA.
Ando sentindo falta de mim
E essa é uma sensação absurdamente horrível
Porque em posse dela, não me concentro,
não sinto, não vivo.

É mesmo como se tivesse morrido definitivamente
E não diariamente como me é de costume.

Viver é tão ruim, não é mesmo?

Prefiro escrever.