domingo, 15 de junho de 2008

Festa Junina

Entre bandeirinhas coloridas, que não me remeteram o pensamento confuso a Volpi, conversas, risos, singelas explosões e muita gente, Adoniran Barbosa aliviou meus ares. Arrisquei até acompanhá-lo, cantarolando baixinho o Samba do Arnesto. No mais, a noite era só uma promessa, iluminada por luzes e alegria artificiais, regada ao som estridente das bombinhas que estralavam, tocando o chão furiosamente. E as crianças correndo, pisando as flores, ainda há pouco plantadas nos canteiros da praça. A cidade vai aos poucos sendo reviltalizada, estamos às vésperas da eleição...
E o prefeito, sorridente, caminhando entre os presentes, a mão estendida a todos, abraços, beijos, promessas... Fingi não vê-lo.
Ouvi conversas que falavam sobre traição e risos.
Queria um doce. Olhei pra fila do caixa, enorme, como toda fila o é por essência. Enorme de um lado só... Estranho, por que aquela aglomeração, se do outro lado atendia-se da mesma forma? Não entendi, aliás, não entendo mutias coisas.
Pro doce, não precisava comprar ficha. Foi o que fiquei sabendo, tão logo cheguei ao guichê.
Na barraca, enfeitada com flores de papel colorido, impressionaou-me a destreza da senhora que atendia. Fazia-se notório o fato de que ela, habituada a ser servida, não tinha nenhuma intimidade com os talheres. Nessas festas, ao menos nelas, alguns papéis se invertem. Normalmente, são senhoras da "high society", que atendem nas barracas, atendendo a uma espécie de chamado espiritual, afinal, tudo que se arracada nelas é revertido às causas da Igreja.
Hilária a cena da madame brigando com a espátula...
No mais, a festa não mudou meus ares. O doce não adoçou minha existência esdrúxula. E a música de Adoniran foi só um respiro, necessário respiro.

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