quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Professores


Os maiores subversivos da História

Ou meios de manutenção da ordem imposta?

Eternos inconformados ou formadores de conformistas?

E o que eles professam, afinal?

Sobre seus ombros pesa toda responsabilidade insana

Que lhe legaram injustamente

De transformar todo o estado das coisas.

E para convencê-lo da honra que seja cumprir tal missão,

Quase sempre procuram bajulá-lo hipocritamente,

Com títulos e adjetivos,

Que não condizem em nada com a vocação sincera de sua alma.

Chamam-lhe mestre,

Afirmam veementemente que seu ofício é na verdade um sacerdócio...

Quanto absurdo!

E pensam mesmo as massas que o professor é isso:

Quase que uma visão metafórica,

Um ser débil, que precisa constantemente ser reanimado

Por novas e velhas mentiras,

Logo ele, que odeia as unanimidades burras,

E caminha sempre e solitário rumo à verdade.

Querem canonizá-lo,

Fazendo-o assim refém de suas fraquezas.

Sim, o professor é um ser humano,

Ainda que o neguem tanto o Estado,

E por vezes ele próprio,

Agindo com pretensão desmedida e, diria eu, masoquista.

Mas é também, ou o são apenas os autênticos,

Seres inquietos, desejosos de mudanças,

Urgentes e necessárias.

A começar pelo tratamento que a sociedade tem lhe dado,

O mesmo que ela oferece aos seus santos bastardos:

A grandiosidade reverente dos títulos sacro-santos,

E o sacrilégio das esmolas furtadas, ainda que diante de sua imagem.

Sem se falar nas atrocidades cometidas,

Por amor e em seu nome.

Basta!

O professor não é nada disso,

que os autorezinhos medíocres de livros de auto-ajuda propagam impiedosamente,

Nem tão pouco os heróis dessa nação inculta.

O professor é a tentativa diária da resistência,

Já que diariamente tentam aniquilá-lo,

Com investidas cruéis para promover a segregação da classe,

Ou simples “cala-boca”, quando diante do horror da greve...

Mas resta saber:

Seria ele tão nocivo assim?

Se não o for, certamente que não será digno de chamar-se PROFESSOR.

3 comentários:

Márcio Oliveira disse...

Ai se resume em poucas palavras qual o verdadeiro significado do nosso trabalho. Muito bem Ana!

beijos

. disse...

Ana,

Suas palavras personificam a nossa utopia fortalecida com as palavras do mestre Paulo Freire:
"Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade."


PARABÈNS...

Andréia Catadori Castilho disse...

A subversão é o caminho. Parabéns, Ana. Seus textos são imperdíveis.