Escrevo como um prisioneiro
A quem foi dado o privilégio de escrever sua última carta,
Desesperadamente,
Sem nexo e com vontade,
Com a precisão estranha que nasce da necessidade.
Porque pra mim, faz-se urgente escrever e isso me inquieta profundamente.
É quando então falo dos sonhos que tive,
Daqueles que ainda alimento,
Do meu idealismo besta,
Do meu amor mal compreendido e do meu ódio.
Das coisas que me faltam e do silêncio dessa ausência.
E é como se minha própria carne estivesse ali exposta,
Nua, frente a olhares dos mais variados.
Isso me constrange e me anula,
Porque e apesar de tudo,
Não, não sou minhas palavras,
E minha carne é muito mais tenra
Que um pedaço de papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário