domingo, 30 de março de 2008

CRISE

Do relógio, as horas mais arredias,
Da ausência que não tarda em tornar-se desespero,
Da culpa de ser, sem sabê-lo.

Anelos de uma aliança injusta,
Entre o homem e si mesmo.

A esperança, essa borboleta de ares festivos
E asas rotas,
Resistindo cansada, ao alçar vôo e o intervalo do pouso
Nas flores multicoloridas dos sonhos.

Num jardim-labirinto, onde a alma
Se esconde de seu possuidor,
E onde também pássaros negros vêm se abrigar,
Quando a noite faz-se densa demais.

Nas copas das árvores,
Cujos frutos há pouco foram colhidos,
Há seiva abundante de vida.

Nas águas do rio que corta o jardim,
Há um odor pútrido,
Como que de muitos corpos.

A morte e a vida,
Essas eternas interdependentes...

Relações de significação absurda, talvez,
Não fosse isso uma tentativa de poema,
Nem essas, imagens da rua,
Que passivamente, contemplo da minha janela.

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