segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

CAPITALISMO

No calor sufocante do galpão coberto com Brasilite

Eles moldam, esmerilham seus patrões,

Com seus portes altivos, e seus narizes pontiagudos empinados.

No barulho ensurdecedor das engrenagens mal ajustadas da História

Há um silêncio profundo e maldito

Do operário que cala a máquina do pensamento

E prossegue, num ritmo acelerado, produzindo as cadeias de sua exploração.

O patrão ignora seu drama

E se farta de uísque e antidepressivos, antes de dormir.

O operário exausto, imundo e esfomeado,

Farta-se de feijão com arroz,

Mal beija a mulher, dá a bênção aos filhos,

E dorme tranqüilo, depois de perder parte do sono, remoendo o dia e as contas a pagar.

Contudo, a produção não pára,

E no dia seguinte, lá estão, patrão e operário,

Um, madrugando na máquina de ponto,

O outro, vistoriado o serviço, assim que chega,

Lá pelas nove ,

Quando o operário já demonstra sinais de cansaço e fome.

A produção, contudo, não cessa.

Não imagine o contrário,

Não é o patrão que não cessa de produzir operários,

Mas o operário, que não cessa de produzir patrões.

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