No calor sufocante do galpão coberto com Brasilite
Eles moldam, esmerilham seus patrões,
Com seus portes altivos, e seus narizes pontiagudos empinados.
No barulho ensurdecedor das engrenagens mal ajustadas da História
Há um silêncio profundo e maldito
Do operário que cala a máquina do pensamento
E prossegue, num ritmo acelerado, produzindo as cadeias de sua exploração.
O patrão ignora seu drama
E se farta de uísque e antidepressivos, antes de dormir.
O operário exausto, imundo e esfomeado,
Farta-se de feijão com arroz,
Mal beija a mulher, dá a bênção aos filhos,
E dorme tranqüilo, depois de perder parte do sono, remoendo o dia e as contas a pagar.
Contudo, a produção não pára,
E no dia seguinte, lá estão, patrão e operário,
Um, madrugando na máquina de ponto,
O outro, vistoriado o serviço, assim que chega,
Lá pelas nove ,
Quando o operário já demonstra sinais de cansaço e fome.
A produção, contudo, não cessa.
Não imagine o contrário,
Não é o patrão que não cessa de produzir operários,
Mas o operário, que não cessa de produzir patrões.
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